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Entre Teoremas e Chocolates: Vagabundo

quarta-feira, abril 23, 2008

Vagabundo


Às vezes dou por mim a ter um desejo intenso, quase visceral, de me tornar um vagabundo. Uma vontade de dar um pontapé na vida socialmente tolerada e nas expectativas da sociedade e de correr o mundo sem um destino certo, preocupando-me apenas com o hoje. Um amigo meu costumava dizer com alguma seriedade que queria ir para o sul de França para a apanha do tomate, algo que é um bocado non-sense para quem estava, como eu, a licenciar-se em matemática. Mas entendo bem a vontade dele. Eu também gostava de ir... de ir nem sei para onde, apenas ir! Gostava de ser como uma águia que se lança em voo picado do alto de um penhasco, em vez de ser este pássaro de gaiola cujos pequenos voos não passam de experiências em condições demasiado controladas. Há uma espécie de clamor dentro de mim por uma liberdade que a vida não me pode oferecer. Porque é que a vida não ma pode oferecer? Talvez porque existe uma tremenda desproporção entre a energia e a coragem que tenho. A energia que tenho não cabe em mim, enquanto a coragem, é escassa. Ou talvez porque a vida não pode oferecer essa liberdade a ninguém. Ah, se fosse como nos filmes! Uma mochila às costas, uma troça a todos os medos, um pacto com a loucura e um mergulho de cabeça na vida. Mas este desejo é utópico. Desconfio que a liberdade existe para nos aliciar ao longe, talvez para nos motivar os sonhos, dando-nos esperança de a provarmos um dia. Mas possuir a liberdade total não é algo que seja acessível ao homem comum. Por isso, apesar de a ideia não me consolar, vou descobrindo a cada dia que o único sítio onde posso ser vagabundo é dentro de mim mesmo...

1 comentário:

Carlos Paulo disse...

...Vagabundo...


Uma vez apeteceu-me...
E vim parar aqui.
Nunca me ouviste dizer que eu não sou exemplo para ninguém?