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Entre Teoremas e Chocolates: fevereiro 2009

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Nunca mais é sábado

Esta minha semana vem dar um novo significado à frase que expressa o maior lamento quotidiano dos portugueses: "nunca mais é sábado". No sábado regresso a Portugal e agora que o regresso está próximo é que as saudades parecem apertar e a ansiedade aumenta. A expectativa das coisas que tenho para fazer em Portugal dificulta a minha concentração e, por estes dias, já nem me apetece trabalhar. Mas estou a fazer um esforço para aproveitar os dias que ainda tenho em Paris.

Entretanto esta semana está de volta a champions. O palco do melhor futebol europeu (e, portanto, mundial). Ontem tivémos direito a um Inter-Man Utd, com uma grande exibição do Cristiano Ronaldo que, só à conta dele, podia ter resolvido a eliminatória. Infelizmente o jogo terminou sem que o Man Utd conseguisse marcar o golo que merecia. Sendo assim está tudo em aberto para a segunda mão e temo que o Mourinho consiga montar uma estratégia para vencer, mesmo jogando mal. De qualquer forma ontem ficou dada a prova de que este Man Utd ainda é a melhor equipa da Europa. Ao ponto de ir a casa do primeiro classificado do Calcio dominar o jogo.

Hoje há um Real Madrid-Liverpool. Dois grandes clubes, dois monstros da história do futebol europeu. É um jogo a não perder e eu vou ficar colado ao pc a ver o jogo num streaming (tudo muito legal, como podem reparar). Não sei por quem vou torcer, mas provavelmente pelo Real Madrid, apesar de também ter uma grande admiração pelo Liverpool, a sua história, os seus adeptos (os melhores do mundo) e o Steven Gerrard, um jogador do caraças.

E é isto.

domingo, fevereiro 22, 2009

Num blog perto de si

Capítulo II - Chegada a Bayeux. Aqui.

(desculpem lá insistir, mas podem estar distraídos e eu não quero que os meus leitores percam a oportunidade de ler estes textos, caso estejam interessados)

sábado, fevereiro 21, 2009

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E é assim o Benfica. Não há meio de fazer uma época que se diga "sim senhora, os gajos jogam que se farta e merecem ganhar coisinhas". Desde 93/94 que não vejo o meu Benfica a ser o meu Benfica durante uma época inteira... aquele Benfica dos 3-6 em Alvalade e dos 4-4 em Leverkusen. Mas o clube do nosso coração é algo que não dá para trocar. Deixar de ser do Benfica ou, pelo menos, tentar desligar-me dele, seria como amputar um braço. E assim lá vou indo de época em época, sempra com a mesma sina, a mesma ilusão que acaba por dar origem à desilusão nas alturas em que se decidem as competições.

A frase que melhor resume o jogo de hoje, retirada do blog Mágicoslb.

«Quando um Rochemback consegue controlar o meio campo está tudo dito sobre a exibição do Benfica. »

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Num blog perto de si

Capítulo I - Embalado Pelo Comboio. Aqui.

Encruzilhadas matematicas


Esta semana esta a ser particularmente penosa no que diz respeito aos meus avancos matematicos. Queria provar um teorema seguindo um caminho que, as tantas, ficou bloqueado. E andei a semana toda a a tentar desbloquear o caminho. Mas, apos conversa com o meu orientador, percebi que nao ha maneira de desbloquear o caminho. Por isso, das duas uma: ou encontro outro caminho que me leve ao teorema que procuro - caminho esse que serà decerto muito mais sinuoso do que aquele que tentei seguir - ou desisto de provar o teorema, pelo menos por enquanto. E assim a investigacao em matematica. As vezes pode ser frustrante. Como diz o outro, sao 99 por cento de transpiracao e 1 por cento de inspiracao. Por isso e que o estado devia comparticipar a compra de desodorizantes para matematicos. 

Mas mesmo assim posso considerar-me sortudo, porque no meio da trapalhada que foi a semana talvez tenha ganho um outro teorema para incluir num futuro artigo. Estou aqui a ganhar coragem para escrever uma demonstracao limpa da coisa, enquanto como um iogurte (em franca as vacas devem ser especiais; nao so dao queijos deliciosos, como iogurtes muito bons e variados) e barras de chocolate kinder (isto è coisa para me dar a volta à barriga). Mas como tenho receio de encontrar um erro no meu raciocineo, acho que vou antes dar uma volta a Ile-de-la-Cite e deixo a demonstracao para amanha!

P.S. Teclado frances, ou la o que e isto. Estes franceses tem um complexo de inferioridade qualquer e tem sempre que meter o dedo em tudo quanto vem do Reino Unido ou dos EUA. So para serem diferentes. E horrivel ouvi-los a pronunciar nomes com sotaque frances. Por exemplo, Franklin Roosevelt por estas bandas soa qualquer coisa como  Franquelan Ruzevelte e Mariah Carey soa como Marraia Carre. A acrescentar a isto, ha o facto de poucos franceses usarem chapeu de chuva quando chove. Sera que e porque o chapeu de chuva e um acessoria tipico dos ingleses? 

terça-feira, fevereiro 17, 2009

The Finest Hour

Vou começar pelo fim. Depois de um dia dedicado a visitar locais históricos da segunda guerra mundial e a conhecer mais histórias acerca do dia D, perguntei ao guia se ele não temia que um dia as pessoas se esqueçam do que os soldados aliados fizeram na Normandia. Ele respondeu que sim, que também tem esse medo, mas que faz a parte dele para que os feitos heróicos dos soldados aliados (e não só!) não caiam no esquecimento. Eu gostei da resposta dele e decidi também eu contribuir, ainda que de um modo bastante humilde, para impedir ou retardar esse esquecimento. Por isso decidi criar este blog, onde procurarei expor aquilo que senti ao visitar a Normandia. À medida do tempo que tiver disponível e da minha inspiração, vou contar-vos como foi a minha (primeira) viagem à Normandia. Provavelmente vou dispersar muitas vezes do tema central do blogue. A escrita vai fugir-me para pequenos apartes e para observações que podem não ter muito a ver com a Normandia. Mas é assim que gosto de escrever, é o meu cunho pessoal, talvez levemente egocêntrico. Provavelmente não vou ter o rigor histórico de uma enciclopédia, até porque vou escrever muita coisa baseado apenas na minha fraca memória. O que pretendo é dar um testemunho daquilo que senti ao cumprir o sonho de visitar a Normandia. E desse modo contribuir para que continue a ser dada honra aos soldados anónimos, muitos deles miudos mais novos do que eu, que deram os melhores anos das suas vidas (dezenas de milhares deram mesmo a própria vida) para libertar a Europa da opressão nazi. The Finest Hour é o título atribuído a um dos mais célebres discursos de Winston Churchill. Esse discurso foi feito depois de uma derrotam que os alemães infligiram aos britânicos. Essa derrota obrigou à retirada do Corpo Expedicionário Britânico da Europa e quase provocou a aniquilação das forças britânicas em Dunquerque. Daquilo que li acerca do assunto, foi um milagre que essa tragédia não tenha adquirido contornos mais negros. Talvez tenha sido esse o momento em que o Hitler esteve mais perto de ganhar a guerra. Depois da retirada, a Grã-Bretanha viu-se sozinha na guerra, contra uma Alemanha que dominava toda a Europa e que estava, por enquanto, em paz com a Russia de Estaline. Nessa altura os Estados Unidos ainda não tinham entrado em guerra, algo que só viria a acontecer um ano e meio depois, como consequência do ataque a Pearl Harbour. Foi nesse contexto que Churchill usou a expressão The Finest Hour. É uma expressão de dificil tradução. Em português, eu usaria a expressão O Melhor Momento. O que Churchill quis foi incentivar o país dizendo-lhes que um dia os seus descendentes iriam olhar para trás e iriam reconhecer a época que a Grã-Bretanha estava a viver como O Melhor Momento do Império Britânico. Mas julgo que a expressão de Churchill também ilustra bem a fase final da segunda guerra mundial, ao dia D e ao pós-dia D, englobando não só a Grã-Bretanha, mas todos os aliados.

Fotos


Para quem tiver interesse em ver 200 e tal fotos da Normandia, é ir ali ao lado direito, clicar no link para o meu álbum Picasa. Brevemente, passarão por aqui algumas delas com a devida explicação.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Cansaço

Estou de volta a Paris, mas uma parte de mim ficou na Normandia. Nos próximos dias, em tendo tempo, deixarei aqui o link para as fotos e começarei uma série de crónicas acerca desta minha pequena aventura... Aviso já que vão ser crónicas detalhadas e que ninguém vai ter paciência para as ler. Tenho 5 folhas escritas à mão com apontamentos e tópicos.

Mas antes de entrar no tema Normandia, até porque hoje já é tarde e eu estou cansadíssimo, quero apenas deixar duas notas.

O Miguel enviou-me esta foto tirada na casa do Benfica de San Jose, California. A curiosidade é que o galhardete ali da direita é da minha terra, Vila Franca de Xira. E eu, como benfiquista, claro que fico contente por ver a minha terra associada ao nome do Benfica, lá nesse longíquo país.

O comentário que isto me suscita é que os benfiquistas são como os chineses: em qualquer canto do mundo encontras um!

Uma outra nota para dizer que Raul Gonzalez, que é um dos meus futebolistas preferidos de sempre, se tornou ontem melhor marcador da história do Real Madrid ultrapassando a lenda Alfredo di Stefano. Raul que já era também o melhor marcador de sempre da Liga dos Campeões e da selecção espanhola. São números impressionantes! Na carreira de Raul ficará sempre uma página por escrever, porque ele devia ter sido campeão europeu pela Espanha... Mas pode ser que para se "vingar", ele ainda consiga ganhar a quarta (!!!) liga dos campeões da sua carreira.

P.S. Para os mais apressados, aqueles que estão em pulgas para ver fotos, se têm acesso ao meu hi5, vão até lá porque já me dei ao trabalho de pôr algumas.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Se perguntarem por mim...

Três curtas

1. O lado direito do meu cérebro deve andar todo baralhado. Quanto mais tento falar o francês, pior falo o inglês. Neste momento acho que não falo língua nenhuma. I just mèlange tudo.

2. À atenção do Sr. Bush: o hálito de certas pessoas devia ser considerado uma arma de destruição maciça.

3. Bom, está na hora de ir buscar um cafezinho e de voltar ali para o meu canto, tentando completar em segurança a convolução de kerneis no contexto de D-modulos, em condições laboratoriais plenamente controladas.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Vai defender o menino para a tua terra

E é com este título aparentemente xenófobo que eu começo um post dedicado ao Luis Filipe Scolari. Afinal eu tinha razão ao escrever isto. O homem não percebe de futebol. É preciso que se diga o seguinte com todas as letras: o Chelsea tem, provavelmente, o melhor plantel do mundo. Tem uma dupla de centrais do melhor que há, John Terry e Ricardo Carvalho. O Ricardo, se não é o melhor central do mundo, já andou lá perto. Na minha opinião a melhor dupla de centrais é a do Manchester, mas a do Chelsea vem logo a seguir. Tem dois laterais do melhor que há por aí, Bosingwa e Ashley Cole, que talvez só encontrem rivais nos laterais do Barcelona. Tem um dos melhores guarda-redes da actualidade, Cech, que na minha opinião só fica atrás de Casillas e Buffon. Tem 3 dos melhores médios-centro do mundo: Deco, Lampard e Ballack (este último é um tipo detestável, mas é bom jogador quando quer). Tem um excelente avançado chamado Drogba. E a somar a isto tem diversas soluções para o ataque. Com este plantel, o Scolari conseguiu a proeza de colocar a equipa em 4º lugar. É mau. O Chelsea começou a época muito forte, talvez como consequência do final de época passada, também muito forte. Mas o efeito Caravaggio não durou muito e o Scolari conseguiu estragar a dinâmica vencedora da equipa. Os resultados recentes já apontavam para este desfecho. Uma última nota para o seguinte facto: o Chelsea de Scolari não venceu nenhuma das equipas grandes que defrontou. Para a Liga dos Campeões defrontou duas vezes a Roma e não conseguiu vencer nenhum dos jogos. Na Premier League não conseguiu vencer o Liverpool, o Manchester United, nem o Arsenal. Repetiu assim um dos defeitos que mais lhe apontámos enquanto esteve à frente da selecção: a incapacidade para ganhar os jogos grandes, os mais difíceis, os que mais contam. A história encarregar-se-à de explicar se os bons resultados da era Scolari aconteceram por causa dele ou apesar dele. Eu inclino-me para a segunda opção.

sábado, fevereiro 07, 2009

É este o fenómeno que o Darwin designava de adaptação?

Agora já sobrevivo às baixas temperaturas de Paris apenas com uma t-shirt, mais uma sweat e o meu kispo com forro polar, que, nas palavras da minha orientadora, é um "cobertor que deve tornar impossível ter frio". Já me esqueço do cachecol em casa, expondo o pescoço e, por transitividade, os brônquios, ao arzinho gélido. E deixo as luvas dentro da mochila (ainda hei-de explicar a mim próprio qual é a utilidade de andar com um par de luvas dentro da mochila...) que é como andar à caça de frieiras. E não uso gorro, porque o meu cabelo está numa fase desgrenhada, desmazelada, comprida e, segundo os meus pais e irmã, está feio. Resumindo, está exactamente como eu gosto! Usar gorro deixa o cabelo com um aspecto de penteadinho parvo. Retira todo o meu charme de matemático sem-abrigo. Se a minha barba fosse qualquer coisa mais do que uns pelos semeados em dias de vento, era boa altura para deixá-la crescer. Mas, coitada, por mais que eu a deixe crescer, ela nunca parece passar de uma coisa rala e ridícula. O que me leva a concluir que tenho uma deficiência genética: os meus genes da barba são pigmeus. Tudo isto para dizer que não uso luvas, cachecol, nem gorro, mas, para azar da sociedade, sobrevivo! E, sendo assim, continuo a azucrinar a paciência daqueles que estão à minha volta. Eu azucrino, tu azucrinas, ele azucrina... Que belo verbo! Quem já não deve ter paciência para mim são os meus orientadores. Tenho dito mais disparates por unidade de tempo, do que o Bush. Dizia o Erdos que um matemático é uma máquina de transformar cafés em teoremas. Eu, não querendo de modo algum diminuir o papel que a cafeína desempenha na actividade matemática (até porque no meu caso não é só na actividade matemática que o café é fundamental, mas sim em todas as actividades, desde o momento em que abro as pestanas, até à altura em que as fecho), atrevo-me a contrariar o grande Erdos, cuja biografia O Homem Que Só Gostava de Números é um dos melhores livros de divulgação da matemática que já li, e digo que um matemático é uma máquina de transformar dúvidas disparatadas em teoremas. Epah, esta última frase deve ter ficado esquisita. Hoje estou num daqueles dias em que começo a escrever e nunca mais páro. É como se tivesse aqui dentro de mim um bichinho que me empurra os dedos para as teclas... É um bichinho genético (a minha mãe também o tem e uma vez ela até escreveu um livro de poesia). É um bichinho com o qual vivo em perfeita simbiose. E o que tem o Darwin a dizer sobre o meu bichinho? Onde é que ele entra na sua teoria? Em que reino, filo, classe, espécie e o caneco é que mora o meu bichinho? A propósito, já alguma vez vos disse que não vou muito à bola com o Darwin (se bem que eu normalmente vou sempre à bola com a mesma pessoa, é sempre com o mesmo amigo que vou à Luz ver o Benfica perder)? Desde as aulas de biologia do 12º ano que lhe tenho um pó do caraças...

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Crash


Ainda não o tinha visto e decidi ocupar o serão de ontem a fazê-lo. É um filme muito bom. Com momentos perturbantes. Explora a vulnerabilidade do homem à corrupção, tendo como pano de fundo uma cidade extremamente racista. Corrupção no sentido de crime e também no sentido de corrupção da personalidade e do carácter. É um filme em que a mediocridade da nossa sociedade se sobrepõe à vontade que o homem tem em fazer o bem. O palco é L.A. mas podiam ser muitas outras metrópoles. Não é um filme bonito. É um filme realista que contém um ou outro momento em que o lado bom dos homens sobressai. No global, o filme tanto pode ser encarado como uma mensagem de esperança, como de desespero. A questão que fica por responder é: será inevitável que a corrupção nos toque a todos? A resposta a esta questão parece variar ao longo das cenas do filme e acaba por ficar indefinida. Foram quase duas horas bem empregues e fica explicado porque é que o filme tem 8.1 de pontuação no Imdb.

P.S. Devia estar a trabalhar em vez de estar a escrever posts, mas hoje estou claramente num dia não! Só me apetece pôr a mochila às costas e ir para as avenidas passear, enquanto levo com a neve no focinho para ver se acordo!