A história do telemóvel passou-se enquanto eu estava fora, mas entretanto multiplicaram-se os debates e as opiniões acerca do episódio, o que despertou a minha curiosidade. Fui até ao Youtube investigar de que forma é que mais uma professora tinha desrespeitado uma aluna, situação que se repete vezes sem conta nas salas de aula deste país. Coitadinhos dos alunos!
Eu acho muito bem que a aluna tenha agido daquela forma! Mostra uma personalidade forte e, afinal, é esse um dos objectivos da educação dos adolescentes! Quando pensavamos que a aluna, perante o pedido despropositado da professora, pudesse ceder sem dar luta, ela mostra que é uma lutadora, uma rapariga que persegue os seus objectivos com vigor! E isso é um sinal positivo que esta geração de adolescentes nos dá!
Acho até que a aluna é um bom exemplo para os outros adolescentes que podem agora começar a impor a sua vontade gritando para os professores «Dá-me um 5 já!» ou então «Ó velha acaba a aula já porque tenho que ir ali gamar os putos do 5º ano!». E é assim mesmo que tem que ser! Como dizia um senhor muito iluminado (bendito seja) no Prós e Contras: «a sociedade está a mudar e agora as crianças e adolescentes fazem muito mais parte da vida dos adultos do que antigamente! Aquela expressão que usavamos antes, a formiga já tem catarro, já não faz sentido! Os miudos de hoje não podem ser vistos como formigas, temos que os tratar de igual para igual!» Por isso, qual stôra qual quê! Essas formalidades já passaram de moda! Lá por os professores serem funcionários do estado não quer dizer que os tenhamos que tratar com modos salazaristas... Acho muito bem que os alunos tratem os professores por "velhos" ou "gordos", isso sim é viver em liberdade! De certo modo podemos encarar estes alunos como a vanguarda do ataque às ultimas amarras que nos prendem ao fascismo! A rapariga não merecia ser expulsa da escola. Merecia sim uma medalha, uma condecoração, uma Ordem do Infante pelos serviços prestados à nação!
E mais, acho que a professora devia ter vergonha! Se queria um telemóvel devia poupar algum dinheiro ou dar umas explicações extra por fora para adquirir um legalmente, em vez de tentar roubar uma aluna, que, coitada, conseguiu o seu telemóvel após passar alguns meses a desempenhar a árdua tarefa de implorar aos paizinhos que o oferecessem. A aluna, coitada, estava decerto a usar o telemóvel para algo que era muito importante... talvez para enviar, coitada, uma mensagem a uma amiga a perguntar «tá-se bem?». Ou para aceder à internet e consultar a programação da TVI para saber a que horas davam os morangos. Ou para dar um toque ao desconhecido com quem tem andado a trocar toques e mensagens. Ou para ver as horas e ficar a saber quanto tempo faltava para acabar o sacrifício de estar ali numa sala de aula com aquela velha tirana. Como vêem, tudo coisas que não podiam esperar! Coitada da aluna! Tal como dizia no prós e contras o senhor que citei há pouco: «Tirar o telemóvel à aluna demonstra uma enorme falta de respeito. É um objecto pessoal. Mesmo em casa, por exemplo, um pai não pode atender o seu telemóvel à refeição caso impeça o filho de usar o telemóvel enquanto estão à mesa. Isso seria uma falta de respeito!» Muito bem dito! Igualdade de direitos é bonito de se ver!
E se a rapariga perdeu o episódio dos morangos por culpa de não ter acedido à página da programação durante a aula, acho muito bem que a professora seja multada! Antes mudar de escola, do que perder os morangos. Afinal, é esta série, e não a escola, que tanto contribui para que os adolescentes tenham a tal personalidade forte! Coitados dos morangos com açucar, tantas vezes postos de lado em troca de umas horas forçadas de estudo! E, não sei se já disse, coitada da aluna!
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