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Entre Teoremas e Chocolates: outubro 2007

quinta-feira, outubro 25, 2007

Epah não sei que título hei-de dar a este post

Este fim de semana não há posts, não há blog, não há net! Vou divertir-me que também sou gente! Vou fazer duas coisas que adoro: estar com amigos e conhecer outros sítios (já por lá estive em criança, mas não me lembro, será como ir pela primeira vez)! Quando voltar talvez hajam umas fotos interessantes para postar ou episódios engraçados para contar.

Por agora, levam com mais um post com um poema não escrito por mim e uma música não cantada nem tocada por mim. Os tipos do gato fedorento costumam dizer que os "tesourinhos deprimentes" são a melhor parte do programa, já que não é feita por eles. Eu posso dizer o mesmo em relação a estes posts! Podem parecer posts fáceis... um gajo vai ali ao Youtube ou a um site sobre o Fernando Pessoa e faz um copy/paste e já está! É quase como se os posts surgissem por geração espontânea. Mas, de facto, são os posts que não têm o meu dedo que vão servindo para dar alguma qualidade a este blog. (este post já está a ficar pouco fofo porque já estou a escrever demais) Aqui fica então um poema do Álvaro de Campos:

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


E agora uma música...

quarta-feira, outubro 24, 2007

Isto é futebol!

Há uma palavra que anda actualmente na boca de todos os apaixonados por futebol: Arsenal! Se há equipa que entra em campo para dar espectáculo, é esta equipa de Londres. Jogadores jovens, com muita técnica, velocidade e objectividade. Alguns deles têm aquela genialidade rara no futebol. Nos próximos anos vamos ouvir falar muitas vezes em Fabregas, Hleb, Van Persie e Walcott. Esta equipa cresceu nos últimos anos há volta daquele que para mim foi o melhor jogador que vi jogar, o Henry. Mas neste Verão o Henry saiu para o Barcelona e os jogadores mais novos explodiram! Estão a jogar como há muito não se via uma equipa a jogar na Europa. São jogadores ainda inexperientes e não sabemos se aguentarão a pressão de estar à frente da Premier League e de serem (os grandes) candidatos a ganharem a Champions. Mas é inegável que o futebol que eles praticam é invejável. Vale a pena vê-los jogar. É uma das poucas equipas cujos jogos valem o preço dos bilhetes! Ir ao futebol pode ser muito parecido com ir a um concerto de música clássica. É preciso é que os executantes sejam bons, a orquestra toque em harmonia e o maestro saiba controlar o ritmo e intensidade de jogo! No Arsenal tudo isto está a funcionar muito bem! Quem me dera viver em Londres...

Aconselho a leitura da crónica do Luís Freitas Lobo sobre o Arsenal no seu excelente blog, o Planeta Futebol. O Freitas Lobo é um dos melhores comentadores e estudiosos do futebol em Portugal. O homem sabe mesmo muito de bola e nota-se que é apaixonado pelo futebol. Diz ele quando o Henry baixou de forma e acabou por sair do Arsenal «do novo ordenamento do território, renasceu o estilo sedutor que após dez anos com Wenger está completamente apreendido.» Diz ainda, referindo-se, julgo eu, aos últimos anos do Arsenal, que «a superioridade moral do jogo do Arsenal, mesmo nas derrotas, nunca foi posta em causa.» É uma análise com a qual concordo. Para mim, depois das equipas que no Real Madrid ganharam 3 ligas dos campeões no final dos anos 90 e início do novo milénio, este Arsenal dos últimos 4/5 anos é a melhor equipa da Europa.

Ontem ganharam 7-0 ao Slavia de Praga. Deixo aqui o vídeo. É verdade que nalguns golos tiveram alguma sorte, mas peço-vos que reparem no 6º golo! É um lance que devia aparecer em todos os manuais sobre "o que é o futebol". É o futebol no seu estado mais bruto e belo!


domingo, outubro 21, 2007

Alicia Keys

Com os desejos de uma excelente semana para todos, aqui fica um vídeo da participação da Alicia num MTV music awards! Os music awards e os grammys têm momentos únicos!
Se pensas que sabes cantar então ou nunca ouviste a Alicia Keys, ou és a Norah Jones ou tens uma interpretação muito pouco exigente da palavra "saber" =P




E agora um momento de sonho numa noite de Grammys: Alicia Keys e Stevie Wonder a cantar juntos! Bem que podiam repetir o dueto mais vezes.



P.S. É nestas alturas em que dá jeito ao Stevie Wonder não poder ver... é que caso contrário, com a Alicia "vestida" daquele jeito, era impossível ele concentrar-se.

Se Eu Pudesse Recomeçar Minha Vida

«Se eu pudesse recomeçar minha vida, tentaria cometer mais erros. Encontraria tempo para relaxar. Seria mais transigente. Seria mais tolo do que tenho sido. Levaria poucas coisas a sério. Viajaria mais. Escalaria mais montanhas, nadaria mais e contemplaria mais crepúsculos. Faria mais caminhadas e observaria a natureza. Tomaria mais sorvetes e comeria menos feijão. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Sou uma daquelas pessoas que vive de maneira regrada, sensata e racional, hora após hora, dia após dia. Oh, já tive bons momentos; e, se eu recomeçasse minha vida, teria muitos outros. Na verdade, eu não tentaria ter mais nada. Apenas viveria um momento após o outro, em vez de viver diariamente os anos seguintes. Sou aquele tipo de pessoa que não sai de casa sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um anti-séptico bucal, uma aspirina, uma capa e um guarda-chuva. Se eu tivesse que começar de novo, passearia bastante, faria muitas coisas e levaria a vida de maneira mais amena.
Se eu tivesse que recomeçar minha vida, rodaria mais vezes no carrocel - colheria mais margaridas.»

Este texto aparece em vários livros escrito de formas um pouco diferentes e não se conhece ao certo o seu autor. Em muitas versões aparece como tendo sido escrito por alguém a quem chamavam Irmão Jeremiah.



Será que não estamos condenados a fazer nossas estas palavras a certa altura da vida? Parece-me que a diferença entre as pessoas que chegam a conclusões semelhantes às deste texto e aquelas que não chegam lá é apenas uma questão de lucidez. Se conseguissemos fazer uma autoavaliação lúcida das nossas vidas, a grande maioria de nós, a certa altura, concordaria com o autor do texto.

Depois há ainda um grupo de pessoas raras. Aqueles que nunca teriam que escrever ou dizer algo deste género. Aqueles que sabem viver apenas um momento de cada vez. Aqueles que vivem a vida de um modo ameno. Aqueles cuja presença parece encher os nossos dias de frescura e de esperança. Não me considero uma destas pessoas, mas conheço algumas delas. E o exemplo delas faz-me acreditar que se elas conseguem, eu também posso conseguir...

sábado, outubro 20, 2007

Por falar em Feynman...

... matemáticozinhos (que raio de palavra) vamos lá a combinar porque quero ir ver isto!!

quinta-feira, outubro 18, 2007

A Minha Visão da Política

Ontem estava muito bem a preparar-me para jantar e surge no ecrã o direito de antena. Então e do que se tratava? Dos tipos do Bloco de Esquerda a criticar o governo e a convocar as pessoas para a manifestação de hoje na zona do Oriente. Mas aquele discurso do Louçã e do Portas II soou-me a sketch do Gato Fedorento. É que os tipos falam com um tom de voz e com uma entoação cómicas. Provavelmente com estes modos conseguem convencer algumas pessoas, mas eu não os consigo levar a sério. Ainda para mais quando eles passam o tempo a criticar o governo.

Os partidos da oposição e os sindicatos são os organismos mais irritantes que existem. Não é possível que tudo aquilo que têm a dizer do governo seja mau. Não faz sentido que eles considerem erradas todas as medidas de quem está à frente do país, até porque se eles lá estivessem tomariam muitas decisões idênticas! Se algum dia aparecer um político que saiba elogiar o que de bom é feito pelos governos de outros partidos, vai ganhar decerto a minha atenção. E o mesmo posso dizer dos dirigentes sindicais.

Coloquei ali no lado direito do blog uma questão sobre a democracia e um dos motivos que me leva a duvidar da democracia é precisamente este: a oposição a um governo só serve para dizer que está tudo mal e não fazem nada de produtivo. Provavelmente é com esta atitude que conseguem os votos da população. A ideia principal para a conduta dos partidos da oposição é fazer crer às pessoas que são uma alternativa credível a uma política que está a piorar a situação do país em todas as vertentes. Mas é aqui que a democracia tem o seu principal paradoxo: os partidos políticos apenas andam atrás dos votos que garantem o poleiro dos seus militantes mais ilustres, em vez de trabalharem para construir um país melhor, através de estratégias conjuntas e de visões a médio/longo prazo. Isto torna a democracia uma tremenda hipocrisia! Cheguei a pensar inscrever-me num partido e tentar medir até que ponto gostaria de ter no futuro alguma actividade política. Pensei nisto porque acho que se as pessoas julgam que o país está mal, então devem empenhar-se para ajudar a melhorá-lo. Mas infelizmente parece-me que aqueles que estão na política colocando os interesses do país à frente dos interesses pessoais acabam por ser abafados pelos outros e não conseguem pôr em prática as suas ideias. É triste, mas em democracia, ou pelo menos "nesta" democracia, a política não serve para construir um país melhor.

Mudando de assunto, mas continuando a crítica política, acho a ideia de fazer uma manifestação durante a cimeira europeia uma grande palhaçada. É verdade que o governo tem tido uma "prestação" questionável. O aumento do desemprego e do trabalho precário e a total ausência de um plano equilibrado e de médio prazo para a saúde parecem-me ser os principais problemas aos quais o governo não tem conseguido dar resposta. Mas aquilo que se pretende com este tipo de manifestações não é criticar as decisões do governo, mas sim envergonhá-lo. E o país não ganha nada em ter um governo envergonhado. Parece-me que do ponto de vista ético não é correcto organizar este tipo de manifestações, mas infelizmente há muito pouca gente que dê importância à ética.

Bem, num dia de constipação (que está a querer tornar-se gripe) deu-me para isto! Entretanto, gostava de tirar do blog a votação sobre democracia, mas não me lembro como se faz! Um dia destes descubro isso...

quarta-feira, outubro 17, 2007

À Gauche et À Droite

Por vezes, parece-me que os meus dois pés têm vida própria
E que cada um deles caminha, independente, na sua direcção.
Parece que enquanto o direito dá um passo certinho
O esquerdo dá um passo atrás;
Enquanto o direito caminha em frente, serenamente,
O esquerdo anda desvairadamente sem rumo;
Enquanto o direito ultrapassa obstáculos
O esquerdo tropeça e cái...
Por culpa desta guerra entre os meus dois pés
Eu não vou a lado nenhum!
E de que me serve ter um par de pés se eles não me levam a lado nenhum?

Que me levem os dois para o fundo do poço
Ou então que me levem os dois para as estrelas!
Mas decidam-se, porra!

De que me servem os dois pés
Se não tenho domínio sobre eles?
O pé direito arrasta-me para terreno firme
E só dá passinhos bem medidos com régua e esquadro.
O pé esquerdo arrasta-me para os pântanos
E o movimento dele é regido por vectores aleatórios.

Por vezes, tenho vontade de ter só um pé!
Ao menos as muletas são inanimadas e obedientes!

Ah se eu um dia conseguisse mexer nos fusíveis
Que regulam a coordenação motora...
Dava um nó no cerebelo
Ou cosia uns remendos no meu córtex
E, a bem ou a mal, os meus pés haviam de se entender!

De que me serve ter dois pés
Se eles não sabem dançar juntos?

terça-feira, outubro 16, 2007

Smile

Apeteceu-me dedicar este clip a todos os que por aqui passarem, mas, em especial, a ti, cujo sorriso faz corar de inveja o nascer do sol!





P.S. Preferia deixar aqui a versão do Michael Buble, mas não encontrei!

segunda-feira, outubro 15, 2007

O Prazer da Descoberta


Richard Feynman é um dos cientistas cuja história mais me fascinou! Sobretudo porque foi um daqueles raros génios que, impulsionados por uma curiosidade desmedida, interrogam o mundo à sua volta, tentando conhecê-lo melhor. A gradiva tem vários livros dele ou acerca dele. Ao ler a biografia dele "A Natureza do Génio" ou as autobiografias "Está a brincar Sr. Feynman" e "Nem sempre a brincar, Sr. Feynman" aquilo que impressiona é o espírito insaciável dele, sempre à procura de saber mais e compreender como funciona a física das coisas. Era uma espécie de criança-grande que para além de ter uma inteligência soberba, tinha ainda o dom de se divertir com aquilo que fazia.

Admiro o Feynman e, ao mesmo tempo, invejo-o. Invejo-o pela simplicidade com que se interessava pelas coisas. Invejo-o por ter aquele apetite pelo conhecimento que devia ser o catalizador de qualquer cientista.

Algures no tempo, enquanto me tornava adulto e perdia os hábitos de criança, perdi também a capacidade de me interrogar e surpreender com o mundo. O excesso de formalismo nas relações com as pessoas e com o meio ambiente, bloqueia a curiosidade. Muitos dos professores que apanhamos nas escolas básicas e secundárias também não ajudam nada. Quando um aluno faz uma pergunta descabida, um professor devia conduzi-lo a perceber porque é que a pergunta não faz sentido. Mas muitas vezes limitam-se a dizer que a pergunta é estupida e os alunos perdem a coragem para voltar a fazer perguntas dessas. O direito ao erro devia ser um dos direitos fundamentais dos alunos. Mas nem os pais, nem os professores percebem isso. Tentar, experimentar, errar, voltar a tentar, voltar a experimentar, voltar a errar... é assim que se aprende ciência. E sempre com aquela pergunta de criança pronta a saltar-nos dos lábios: "e porquê?"

Por vezes julgo que estou condenado a nunca ser um verdadeiro cientista, porque para além de me faltar a genialidade, falta-me essa curiosidade crónica que um cientista deve ter. Mas um dos meus maiores desejos é ressuscitar esse espírito de criança... tenho esperança que ainda esteja algures dentro de mim adormecido...

quinta-feira, outubro 11, 2007

Norah Jones At Sesame Street

Se no meu tempo a Rua Sésamo tivesse destas coisas, hoje em dia não dava erros ortográficos!...


quarta-feira, outubro 10, 2007

Band of Brothers


No fim de semana passado aluguei metade da série Band of Brothers (em português é conhecida por Irmãos de Armas), resultado de um brilhante trabalho de produção, realização e pesquisa da dupla Tom Hanks e Steven Spielberg. A série já tinha passado na Sic e eu na altura só pude ver um ou dois episódios porque a hora era imprópria para quem tinha aulas no dia seguinte. Mas no sábado fui ao clube de vídeo e tive a agradável surpresa de ter lá a série à minha espera. Para quem gostou do Resgate do Soldado Ryan, é o mesmo género, mas com muito maior duração. A série conta-nos a história de uma companhia de paraquedistas americanos durante a segunda guerra mundial. Começa ainda antes da entrada em guerra dos americanos, quando a companhia começa os treinos ainda em solo dos USA. Depois os paraquedistas vão para a Europa e participam no dia D, fazendo parte de uma missão muito perigosa, mas essencial para que a invasão fosse bem sucedida. A partir daí a série relata o contributo dessa companhia, a companhia Easy, para o desfecho da guerra na Europa. Convém referir que a série é baseada nos relatos dos sobreviventes dessa companhia. Infelizmente, os aliados cometeram o erro de menosprezar o esforço final do Hitler para conter a invasão. Contavam que a guerra terminasse ainda em 1944 e tornou-se famosa entre os soldados a frase: "Berlin by Christmas". No entanto, o Hitler conseguiu conter o avanço das tropas aliadas e adiar o final da guerra na Europa por mais uns meses. É impressionante o modo como a companhia Easy, à semelhança de muitas outras divisões aliadas, sobreviveu ao Inverno de 1944, com imensa falta de munições, comida e roupa quente. Foi nesse ponto que fiquei quando acabei de ver os 6 episódios que aluguei. Assim que tiver um fim-de-semana suficientemente desocupado, vou alugar o que falta =)
É uma série que me fascina porque retrata a guerra sem os exageros que habitualmente vemos nos filmes. Retrata a guerra de um modo cru e, para mim, acaba por tornar-se muito mais aterradora. Além disso, por serem várias horas de filme, acaba por tornar-se quase uma experiência de realidade virtual, como se nós também ali estivessemos, com aqueles paraquedistas.
Se alguém me quiser oferecer uma prenda e não souber o quê, ofereçam-me esta série! ;o) É tão excelente que ver só uma vez não chega!

Chocolates


Quando criei este blog decidi chamar-lhe Between Theorems and Chocolats. Mas entretanto nunca escrevi acerca de chocolates. Bem, isto não é totalmente verdade, uma vez escrevi isto! Mas nunca escrevi um post que fizesse salivar os viciados no chocolate. A verdade é que até nem gosto de chocolates por aí além. Sou apenas moderadamente guloso e, ao contrário de muitas pessoas que conheço, sou capaz de recusar um pedaço de chocolate que me seja oferecido. Para mim um chocolate é algo que pode contribuir para um bom momento, e não é algo que seja para consumir sofregamente. Tal como o champanhe! É algo que deve ser saboreado com requinte, como se se tratasse de um pequeno luxo! Julgo que a ideia do slogan do Kit Kat - faça uma pausa com Kit Kat - está muito bem conseguida!

Houve uma fase em que no meu quarto, perto da secretária onde costumava estudar, guardava sempre algumas caixas de Kinder barras ou outro tipo de chocolates que me ofereciam no Natal. Durante as épocas de exames era capaz de os devorar enquanto estudava. Mas eram essas as únicas alturas em que era um consumidor assíduo. Entretanto já voltei à normalidade: como um chocolate esporadicamente, quando me apetece mesmo, mesmo, mesmo! Ao ponto de ter deixado passar a validade de alguns chocolates que tinha no quarto... foi tudo direitinho para o lixo!

O nome deste blog seria mais fiel aos meus hábitos se referisse as douradas grelhadas, ou o ensopado de borrego, em vez dos chocolates. Mas criei o blog a seguir a uma época de exames e achei que os chocolates jogavam bem com os teoremas. Agora já não admito mudar o nome à coisa! Apenas estou a pensar mudá-lo para francês, assim que souber o suficiente da língua!

Para despertar o apetite dos mais gulosos, estes são alguns dos meus chocolates preferidos: chocolate de leite da Milka, chocolate de leite da Nestlé, Toblerone (qualquer um), os Kinder barras, Mon Cherri e os velhinhos Regina...

sexta-feira, outubro 05, 2007

RAP no seu melhor

http://pftv.sapo.pt/2/1/?v=U6Dw1ZmbDfzORoU5vkZw

http://pftv.sapo.pt/?v=SY4SleJQ6BTu3zblWFAb

http://pftv.sapo.pt/?v=RyjKYZ6o4cr4U8e36IjM

Primeira Semana

Esta semana comecei oficiosamente o meu doutoramento. Sim, porque para ser oficial ainda há burocracias a tratar! Vou começar por estudar D-Módulos utilizando um livro de Masaki Kashiwara, um dos grandes especialistas em Análise Algébrica, o ramo da Geometria em que vou fazer o doutoramento. Calha bem, porque o estudo dos D-módulos complementa aquilo que andei a fazer nas últimas semanas. Um D-módulo M é um feixe de módulos sobre o feixe de anéis dos operadores diferenciais (sobre uma variedade X). Nas últimas semanas estive precisamente a estudar como se constrói o anel D. Neste contexto é normal chamarmos a um feixe de anéis simplesmente um anel e chamarmos a um feixe de módulos sobre um feixe de anéis simplesmente um módulo sobre um anel. É um abuso de linguagem bastante prático, mas um pouco enganador já que a dificuldade em trabalhar com feixes de estruturas algébricas é de outro grau, quando comparada com a dificuldade em trabalhar simplesmente com as estruturas algébricas em si.

Esta semana tive uma imagem daquilo que vão ser os meus próximos meses. "Enfiar" a cabeça em dezenas de livros e retirar deles toda a informação que for capaz de apreender! E andar sempre em busca de livros apropriados para complementar a leitura do livro principal. Em poucos dias de trabalho já tive que recorrer a uma meia-dúzia de livros para rever conceitos esquecidos ou para estudar coisas que nunca aprendi e que o livro não aprofunda.

A meio da semana fiquei bastante satisfeito quando reparei que ainda me recordava quase por completo da construção do feixe dos Ox-módulos das formas diferenciais de grau p sobre uma variedade X. São estes pequenos episódios que vão servindo para diminuir o trauma que tenho com a minha memória!


Se há 6 anos atrás, quando entrei para a faculdade, me dissessem que hoje estava a fazer aquilo que estou a fazer, não acreditaria! No meu 12º ano, quando tive de decidir aquilo que iria estudar, tive muitas dificuldades em tomar uma decisão racional e ponderada. Passei parte do ano inclinado para a psicologia. Em alguns momentos, a medicina e a enfermagem também me pareciam apelativas. Mas acho que isso não se devia a qualquer tipo de vocação pessoal, mas sim ao que as pessoas à minha volta diziam.

Acabei por acordar num sábado de manhã muito introspectivo. Lembro-me que nesse dia fui à praia e passei o tempo entre os mergulhos e a conversa com os meus botões. E foi nesse dia que cheguei à inesperada conclusão de que ía para matemática. Faltavam duas semanas para as candidaturas. Decidi que ía entrar em matemática e depois logo se via o que aquilo dava. Se não gostasse, no final do primeiro ano poderia tentar outra coisa.

Sempre adorei matemática! E sempre adorei a escola! Por isso, escolhi entrar para ensino da matemática. O primeiro ano foi um ano muito complicado. A diferença entre a matemática ensinada no secundário e a matemática ensinada na faculdade é abismal. As coisas correram muito bem em duas cadeiras: Elementos de Matemática e Introdução à Computação. Gostei muito de ambas. Mas as duas cadeiras mais importantes, ALGA e Análise I, deram-me muita luta. Passei o natal e a passagem de ano a tentar perceber as séries e aqueles "bichos" novos, chamados teoremas e demonstrações . Saí do meu primeiro exame de Análise I a pensar que ía chumbar com uma nota a rondar o 6. Tive 12. Foi um momento decisivo, porque percebi que apesar das dificuldades que estava a ter, o trabalho compensava. Aprendi a dar razão ao Einstein quando ele diz que a táctica para fazer ciência é "1% de inspiração e 99% de transpiração". A meio do segundo semestre já estava completamente decidido a continuar em matemática e no final do primeiro ano já sabia que no ano seguinte iria mudar para matemática pura. Comecei a perceber que talvez não tivesse muita habilidade para ensinar coisas que me começavam a parecer básicas. Por isso mudei para matemática pura, sem pensar ao certo no que ía fazer depois... com um curso de matemática há sempre a hipótese de depois se fazer um outro curso mais aplicado, uma engenharia ou informática. Fazer um doutoramento sempre me pareceu algo inacessível.

E agora dou por mim às portas de "algo inacessível". E serve este post para dizer que gostei desta primeira semana de trabalho e que me sinto imensamente grato por estar a fazer aquilo que estou a fazer!

segunda-feira, outubro 01, 2007