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Entre Teoremas e Chocolates: A Teoria dos Quadrados I

segunda-feira, janeiro 14, 2008

A Teoria dos Quadrados I

Por vezes vagueia pelo meu pensamento a ideia de que gostava muito de estudar filosofia. Isto pode parecer estranho tendo em conta que a filosofia ensinada nos anos do secundário nunca me fascinou. Foi uma disciplina que desprezei um pouco, do mesmo modo que hoje em dia desprezo a sociologia. Agora reconheço que na altura desprezava a filosofia porque não tinha maturidade suficiente para reflectir acerca das perguntas profundas que ela nos propõe.

Para mim, a filosofia não era mais do que um conjunto de teorias sem sentido cujas ideias gerais eu era obrigado a decorar para poder responder às questões dos testes. Analisar a substância e a pertinência (ou não) dessas teorias era algo que não estava ao meu alcance quando tinha 16 ou 17 anos. A unica matéria que me interessava realmente em filosofia era a parte da lógica. Aí sim, sentia-me em «casa». Adorei aprender quantificadores, tabelas de verdade, falácias, etc. Excluíndo o campo da lógica, eu e a filosofia estranhavamo-nos um ao outro, como duas pessoas que apesar de já terem sido apresentadas se olham com desconfiança.

Abro aqui um parêntesis para referir que a minha embirração com a sociologia é de um grau diferente: julgo já ter maturidade para perceber o que a sociologia estuda, o problema é que me parece que a maior parte das teses sociológicas não são mais que um conjunto de banalidades escritas de um modo muito barroco. Aquilo espremido resulta em pouco mais do que algumas constatações que qualquer um de nós faria, desde que pudesse dispor de algum tempo de reflexão e observação e também alguma paciência para tarefas enfadonhas.

Voltando à filosofia, hoje em dia tenho uma relação diferente com ela. Não tenho cabeça para ler textos filosóficos. Dedicando umas sete horas por dia à matemática, não sobram muitos neurónios para ler coisas demasiado exigentes. No entanto, quando pego num livro para ler, seja ele um romance ou uma biografia, gosto que para além da história haja algo mais... Gosto que as personagens tenham alguma «densidade» psicológica e que o autor explore as ideias e as filosofias dessas personagens, filosofias essas que motivam as suas acções e o desenrolar de toda a história. É com esse tipo de livros que tenho criado simpatia pela filosofia. Hoje já não a olho com desconfiança... julgo que ela até me atrai e por isso não me importava de ter simpatizado com ela mais cedo e de ter decidido estudá-la mais a sério!

Nesta série de posts intitulados «A Teoria dos Quadrados» proponho-me divagar um pouco pelas minhas ideias filosóficas. Ainda não escrevi nenhum dos posts que se seguem, nem pensei a sério no seu conteúdo, pelo que os posts desta série podem demorar. Apenas para dar o mote ao que se seguirá, posso começar por justificar o título dos posts. A teoria dos quadrados é a minha ideia de que todos nós a dado momento das nossas vidas, como fruto da nossa educação e das pressões da sociedade, vivemos limitados em pequenos quadrados. Julgo que a ideia de vivermos limitados dentro de pequenos quadrados não é por si só uma ideia redutora da vida. O problema não são os quadrados, o problema é os seus limites serem-nos impostos, em vez de sermos nós a defini-los. Esta ideia já deve ter sido explorada por muitos filósofos. Mas como eu não leio os trabalhos deles e como na memória já pouco me resta da filosofia aprendida no secundário, sinto-me à vontade para explorar divagar independentemente do que já se tenha escrito sobre o assunto, obtendo conclusões baseadas apenas na minha análise da vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

"A Teoria dos Quadrados"? O nome soa bem, sim senhor. Porquê dos quadrados? Tem algum significado (filosoficamente) profundo? :-)

David disse...

Ora aí está algo que penso referir no próximo post sobre o assunto! =) Por acaso costumo falar nos quadrados, mas à partida podiam ser rectângulos ou círculos. Mas os quadrados talvez fiquem melhor neste contexto e depois tentarei explicar porquê!