Sou contra o acordo ortográfico que actualmente está a ser delineado de modo a uniformizar a ortografia do português de Portugal e do português do Brasil. Sou contra porque não vejo nenhuma vantagem neste acordo. A propósito do assunto, podem ler este artigo (aborda assuntos que não domino, mas na linha geral concordo com a ideia do autor). Além disso sou contra todo o género de identificação feita à força com a cultura brasileira. Na minha opinião aquilo que une Portugal ao Brasil é apenas o que resulta da história comum que partilhámos. Não gosto da influência que os brasileiros têm na nossa cultura actualmente. Sobretudo porque em muitos casos parece que essa influência é exercida à força e tudo o que daí resulta não tem nexo quando comparado com as minhas preferências europeístas ou com as nossas tradições. Por exemplo, não gosto do carnaval, não gosto de samba, não gosto das tendências esotéricas que os brasileiros estão a trazer com eles, não gosto da naturalização de jogadores brasileiros para jogar na selecção (parece que não tem nada a ver com o assunto, mas eu julgo que está tudo no mesmo saco).
Mas a minha ideia do dia é a seguinte: se o acordo avançar, aproveitem para mudar a forma como se escreve «pormenor». Nunca sei onde pôr o «r», «promenor» ou «pormenor»? É que ouvimos a palavra dita das duas maneiras e para mim o facto do prefixo ser «por» e não «pro», não tem mais nexo do que o contrário. Por isso, sugiro aos senhores legisladores que revejam a situação e que passemos a escrever «pomenor» ou então «prormenor».
2 comentários:
Meu caro,
não há nenhum acordo a ser idealizado. O acordo foi idealizado e assinado há 18 anos (1990).
Neste momento nada há de linguístico a discutir. Ortografia não é língua é representação. Antes desta já houve uma série de outras que nos foram impostas sem perguntas nem debate eo mundo ainda é redondo. Foi por querermos impor a nossa escrita como se delas fossemos donos que os brasileiros nunca ractificaram qualquer dos acordos anteriores. A questão agora é apenas política, e politicamente, este acordo é o nosso último bilhete para o comboio dos oito. se não ractificarmos o protocolo modificativo, voltaremos ao orgulhosamente sós.
Caro(a),
só há poucas semanas percebi que o acordo já é uma história antiga. Mas isso não muda a forma reticente como o encaro. A questão é que a mim, que sou leigo no assunto, ainda ninguém me explicou o que é que Portugal tem a ganhar mudando a ortografia. A ideia que passa para fora é que é daquelas medidas com as quais só lucram meia-duzia de empresários.
Bem sei que a pronúncia e a escrita das palavras evoluem, mas pensava que isso devia acontecer de um modo natural. A mim não me parece nada natural que os "h" mudos e os "p" e os "t" antes de consoantes desapareçam dos nossos textos, apenas porque um grupo de políticos assim decide. Não é que isso seja uma catástrofe, na verdade, estou-me nas tintas, até porque tenciono continuar a escrever como aprendi. A questão é que se não há vantagens, porque é que havemos de assassinar a nossa ortografia em favor da ortografia "brasileira"?
Se me permite a piada, não estou muito interessado em apanhar o comboio dos oito. O que eu gostava era de apanhar o comboio das oito. Mas como normalmente é essa a hora a que acordo, torna-se impossível apanhá-lo, visto que as leis físicas me impedem de estar em dois sítios ao mesmo tempo. Mas um dia destes faço mesmo um esforço para apanhar o suburbano que faz o trajecto Castanheira do Ribatejo - Alcântara Terra e passa em Vila Franca às 8. Conseguir apanhar esse comboio é capaz de fazer mais diferença na minha vida do que apanhar o comboio dos oito (que, sinceramente, não sei o que é).
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