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Entre Teoremas e Chocolates: O Prazer da Descoberta

segunda-feira, outubro 15, 2007

O Prazer da Descoberta


Richard Feynman é um dos cientistas cuja história mais me fascinou! Sobretudo porque foi um daqueles raros génios que, impulsionados por uma curiosidade desmedida, interrogam o mundo à sua volta, tentando conhecê-lo melhor. A gradiva tem vários livros dele ou acerca dele. Ao ler a biografia dele "A Natureza do Génio" ou as autobiografias "Está a brincar Sr. Feynman" e "Nem sempre a brincar, Sr. Feynman" aquilo que impressiona é o espírito insaciável dele, sempre à procura de saber mais e compreender como funciona a física das coisas. Era uma espécie de criança-grande que para além de ter uma inteligência soberba, tinha ainda o dom de se divertir com aquilo que fazia.

Admiro o Feynman e, ao mesmo tempo, invejo-o. Invejo-o pela simplicidade com que se interessava pelas coisas. Invejo-o por ter aquele apetite pelo conhecimento que devia ser o catalizador de qualquer cientista.

Algures no tempo, enquanto me tornava adulto e perdia os hábitos de criança, perdi também a capacidade de me interrogar e surpreender com o mundo. O excesso de formalismo nas relações com as pessoas e com o meio ambiente, bloqueia a curiosidade. Muitos dos professores que apanhamos nas escolas básicas e secundárias também não ajudam nada. Quando um aluno faz uma pergunta descabida, um professor devia conduzi-lo a perceber porque é que a pergunta não faz sentido. Mas muitas vezes limitam-se a dizer que a pergunta é estupida e os alunos perdem a coragem para voltar a fazer perguntas dessas. O direito ao erro devia ser um dos direitos fundamentais dos alunos. Mas nem os pais, nem os professores percebem isso. Tentar, experimentar, errar, voltar a tentar, voltar a experimentar, voltar a errar... é assim que se aprende ciência. E sempre com aquela pergunta de criança pronta a saltar-nos dos lábios: "e porquê?"

Por vezes julgo que estou condenado a nunca ser um verdadeiro cientista, porque para além de me faltar a genialidade, falta-me essa curiosidade crónica que um cientista deve ter. Mas um dos meus maiores desejos é ressuscitar esse espírito de criança... tenho esperança que ainda esteja algures dentro de mim adormecido...

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu acho, por experiência própria, que procurar alguma coisa dentro de nós pode ser uma frustrante perda de tempo. Há que pensar em abordar o problema de outra forma,... como um matemático. Em vez de seres tu a procurá porque não o obrigas a vir até ti?
Por exemplo, tenta provocá-lo, se te ocorrer como...

David disse...

Boa dica!! Eu sei, no meu caso, o que é que bloqueia esse "espírito de cientista". Chama-se timidez! E a solução é simples: ser ousado na abordagem que faço às pessoas e ao mundo em geral! Mas não é nada fácil, porque não é uma coisa natural para mim... ou se calhar era natural mas perdi a ousadia por culpa de um ensino e de uma educação estupidamente formal!

Anónimo disse...

Timidez?
A timidez é uma coisa que se ultrapassa.
Quanto à educação estupidamente formal, concordo contigo, não é formação que se dê a um cientista.
Mas também já aprendi que dizer isso "em voz alta" pode ser muito mau.

David disse...

Não percebi essa parte do "dizer em voz alta" pode ser muito mau... A timidez utrapassa-se numa luta diária comigo próprio, que nem sempre consigo vencer.

Anónimo disse...

Embora vivamos numa democracia, a liberdade de expressão não é uma coisa 100% verdadeira

David disse...

Pois, é verdade! Já estou a ver o que queres dizer!