Hoje tive um dia de trabalho daqueles que dão prazer e uma sensação não só de dever cumprido mas de felicidade, como há meses não tinha. Habituei-me a ter com a matemática uma relação de dádivas recíprocas: eu dou-lhe o tempo e o empenho necessários para a entender e ela retribui dando-me essa tal sensação de felicidade, um gozo intelectual que não é facilmente explicável a quem nunca o experimentou. Trabalhar com matemática pode ser extremamente gratificante e este foi um segredo que eu aprendi quando andava no 7º ano (um dia conto qual foi o catalisador para eu no 7º ano ter ficado apanhado pela matemática, uma história oportuna numa altura em que há tanto facilitismo no ensino). Durante o curso a minha relação de intimidade com a matemática fortaleceu-se. Eu dediquei-me a estudá-la, a abrir caminho para a conhecer através de teorias nem sempre fáceis. E valeu a pena. A matemática não me desiludiu, pois no fim do caminho ela está lá apresentando-se bela e sorrindo (às vezes o sorriso é traiçoeiro, indicando que aquele não foi o caminho certo!). No primeiro ano do doutoramento esta sensação de reciprocidade alterou-se. Pela dificuldade dos assuntos que tive que estudar, por falta de empenho, por não ter tido a melhor abordagem ou por todas estas razões, o primeiro ano do doutoramento teve momentos penosos em que por mais que tentasse abrir caminho nunca encontrava a beleza da coisa. Agora parece que a sensação está a regressar e hoje foi o dia em que mais o senti. Caramba pá! Afinal a Teoria dos D-Módulos tem ponta por onde se lhe pegue!
terça-feira, outubro 07, 2008
Neste post fala-se de trabalho
Publicada por David à(s) terça-feira, outubro 07, 2008
Etiquetas: matemática, reflexões
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2 comentários:
Últimamente parece que a dona Matemática tem feito as pazes comigo...
O grande segredo, é trabalhar por gosto e não porque tem de ser.
Imagina que um certo dia és obrigado a "encornar" uma teoria inteira de um dia para o outro. Tipo... perceber a demonstração do Último Teorema de Fermat em 24 horas sem ajudas. O trabalho perde toda a piada.
Ouve-se dizer, não sei sé mito ou se é verdade, que um professor do Porto especialista em Teoria dos Números não percebe nem as primeiras linhas da demonstração. Acho que perceber a demonstração do Último Teorema de Fermat não é tarefa que se dê a ninguém, muito menos em 24 horas =S
Desejo muitas felicidades para ti e para a dona Matemática! Desde que ela também tenha tempo para mim =P É como diziamos na outra vez: a matemática é uma maluca, tem muita rodagem!
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