Eu sei que não tem grande jeito deixar aqui coisas que não foram escritas ou cantadas (credo!) por mim, até porque defraudo imperdoavelmente as expectativas dos meus leitores, que vivem para ler os meus textos de sobeja qualidade e as minhas opiniões pertinentes e comummente aceites como verdades absolutas. Mas o tempo não abunda, até porque por estes dias tenho preferido entreter-me a ler a autobiografia do Colin Powell em vez de escrever aqui no blog. E também a National Geographic de Outubro que tem um artigo interessantíssimo acerca da memória, essa gaja que tantas vezes me trái. Se me lembrar onde pus a revista, logo à tarde hei-de continuar a ler o artigo. Quanto à autobiografia de Colin Powell é um livro enorme que relata grande parte da história dos USA pós-segunda guerra vista pelos olhos de um filho de emigrantes jamaicanos que cresceu nos bairros pobres de Nova Iorque, tornou-se soldado e chegou a general 4 estrelas e a chefe do estado-maior conjunto dos USA, a mais alta posição militar fardada do país (só abaixo do próprio presidente, que, lá como cá, é o chefe supremo das forças armadas). A história de Colin Powell é um exemplo de que o modelo americano, tendo decerto inúmeras falhas, tem também muitas virtudes. A família de Colin Powell foi para as terras do Tio Sam viver o sonho americano, tal como milhares de emigrantes ao longo da história e Colin Powell personifica o próprio sonho americano. Apesar de seguir uma linha um pouco gabarolas, Colin Powell conta-nos a sua ascensão no exército ao mesmo tempo que nos dá a sua visão da política externa dos USA ao longo da sua carreira. Quando Powell começa a ocupar cargos importantes no Pentágono e como conselheiro de segurança de Reagan, começam a fazer parte da história diversas personagens marcantes do último quarto do século XX. Fascinou-me principalmente a forma como Powell caracterizou Gorbachev e a própria União Soviética, enquanto a guerra fria chegava ao fim. A autobiografia contém também em detalhe a preparação e o desenvolvimento da operação Tempestade no Deserto. Eu confesso que gosto de ler acerca dos bastidores da política, porque quase sempre aquilo que passa cá para fora não corresponde ao modo como as coisas de facto aconteceram. Powell conta como muitas das decisões foram tomadas dando a impressão de que o Bush pai era incomparavelmente mais lúcido que o Bush filho. A grande falha do livro é ter sido publicado em 1995 e, por isso, não aborda o 11 de Setembro e o seu período como secretário de estado de George W. Bush, quando teve que defender a invasão no Iraque na ONU, mostrando provas de que o regime de Saddam possuía armas de destruição massiça, provas essas que, ao que tudo indica, terão sido forjadas. Ainda assim, para quem gosta de autobiografias e/ou história do século XX, recomendo a leitura de A Minha Jornada Americana.
quarta-feira, outubro 15, 2008
É isto que se lê por aqui
Publicada por David à(s) quarta-feira, outubro 15, 2008
Etiquetas: política, sugestões, Um Livro Um Amigo
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