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Entre Teoremas e Chocolates: A Teoria dos Quadrados II

terça-feira, fevereiro 05, 2008

A Teoria dos Quadrados II


Neste segundo post acerca da teoria dos quadrados, quero apenas justificar o porquê de usar os «quadrados» para dar título a este conjunto de ideias cujas linhas gerais podem ler no final do primeiro post desta série. Para ser sincero, os quadrados surgiram quase insconscientemente. A ideia original é a de que nós vivemos confinados a um pequeno espaço. Em rigor, podia ter descrito esse espaço como sendo tridimensional. Um cubo ou um paralelepípedo podiam estar mais de acordo com as leis físicas que regem o nosso mundo. No entanto, esta é uma questão filosófica, não física. E reduzir a dimensão na qual vivemos acaba por representar metaforicamente uma limitação ainda maior. Talvez seja por isso que sempre pensei neste espaço que nos limita como sendo algo a duas dimensões. Apenas tem uma largura e um comprimento. A altura é um infinitésimo, um epsilon imperceptível, como se este espaço que nos limita nos obrigasse a viver vergados até ao limite.

Há ainda outra questão: depois de escolher as duas dimensões, porque escolhi os quadrados e não qualquer outro tipo de figura no plano? Aqui há duas respostas possíveis. Uma delas é que para mim o quadrado é das figuras mais tristes. Um quadrilátero não regular pode ser interessante. Mas quanto ao quadrado, conhecendo qualquer uma das suas medidas ficamos a conhecê-lo perfeitamente. Esta é uma propriedade comum aos outros polígonos regulares, mas mesmo assim julgo que um hexágono regular, por exemplo, tem qualquer coisa de mais misterioso e atraente que o quadrado. A outra resposta possível é que ao escolher o quadrado, estou a estabelecer um paralelismo subtil entre a minha teoria e a ideia de que algumas pessoas são um pouco quadradas. Quando uma pessoa tem uma opinião pouco tolerante ou tem uma visão pouco abrangente da vida, é hábito dizermos que se trata de uma pessoa de mente quadrada. Parece-me que são essas pessoas que mais vivem limitadas a quadrados pequenininhos e que mais se esforçam por limitar os outros a quadradinhos do mesmo tamanho que os seus.

Fica assim justificado o título desta teoria. No próximo post proponho-me escrever acerca do problema da classificação, isto é, o problema de classificarmos as pessoas segundo os estereotipos ou impressões que temos. Tentarei explicar a relação desse problema com a minha teoria.
P.S. Estes posts são baseados na minha filosofia barata e não julgo que tenham qualquer valor. São apenas o produto de uma mente que não regula muito bem e que, às vezes, se entretem a divagar nestes assuntos!

5 comentários:

Miss T. disse...

O que achas que uma pessoa deve fazer quando se apercebe que vive num quadrado? A mim, a sensação de estar fechada num quadradinho é horrível e acho que vou tentar dar uns "murros" no quadrado para ver se 1º- Deixa de ser quadrado e aborrecido; 2º- Fico com mais espaço.

Mas às vezes penso que se dermos um empurrão de um lado, o quadrado distorce-se mas acaba por não ganhar uma área significativa...Às vezes quando pensamos dar um passo numa direcção fazendo determinada escolha, podemos ficar aprisionados noutro aspecto...E se calhar o nosso "ganho" não foi significativo. Não sei se me estou a explicar muito bem...

Adiante, ter conversas filosóficas destas a estas horas não funciona para mim... :)
Beijinhos*

David disse...

Epah, isso são questões difíceis! =P O que acho e o que pretendo defender com esta série de posts, é que nós simplesmente não devemos viver nesse quadrado feio e estático. É verdade que há coisas que nos limitam e que não conseguimos viver totalmente livres. Também é verdade, como dizes, que há escolhas que fazemos que acabam por permitir algum ganho, mas que por outro lado nos aprisionam. Mas o que é importante é que essas escolhas sejam feitas por nós em função dos nossos sonhos. É importante que sejamos nós a pesar os prós e os contra e a tomar decisões corajosas que nos façam dar um passo para fora do quadrado. O que eu acho é que devemos tentar que as fronteiras que nos limitam sejam dinâmicas... as fronteiras até podem existir, o que é importante é que nós saibamos que existem porque nós assim as escolhemos e estamos felizes com isso. Ou então se não estivermos felizes, devemos encarar como uma questão de tempo até serem ultrapassadas. Independentemente do que os outros dizem e independentemente daquilo que é ou não vulgar na sociedade.

Também não sei se me expliquei bem, mas espero voltar a esta questão em posts futuros! =)
beijinhos

Anónimo disse...

Os quadrados têm a grande vantagem de se empilharem facilmente uns em cima dos outros. Tenta isso com círculos e vais ver o problema que é. :-)

Carlos Paulo disse...

Isto lembra-me uma anedota...
É mais ou menos assim:
Estavam Pascal,Gauss, Newton e Euler a brincar às escondidas.
Euler fica encostado à parede a contar.
E os outros três vão se esconder.
Após alguns minutos, Pascal e Gauss saem dos seus esconderijos.
Newton... por sua vez, ao perceber que ia ser apanhado, desenha um quadrado de lado um metro e põe-se lá dentro.
Assim que Euler o encontra Newton diz-lhe:
Espera! Eu não sou Newton, sou Pascal!


Bom... para alguém conseguir achar piada a isto, eu recordo-vos que Pa=N/m^2.

David disse...

Jaime, essa está boa! Lá está um dos teus comentários pertinentes sem resposta à altura... A única coisa que posso fazer é dedicar-me ao empilhamento de círculos durante uns tempos para ver se arranjo um contra-exemplo.

Carlos, demorei um bocadinho a perceber, mas essa está muito boa =D