Pois é, desde que voltei para Portugal ainda não escrevi aqui nada. Tenho estado a preparar alguns textos para os meus outros blogs e tenho ouvido algumas notícias que gostava de ter comentado aqui, mas não tem calhado. Tenho jogado muito futebol e sinto o corpo todo escavacado, porque voltar a jogar depois de dois meses sem desporto é muito agressivo. Tenho lido muito Hemingway e Tolstoi, dois autores que estou a gostar imenso de descobrir e dos quais falarei aqui oportunamente. Tenho também dedicado tempo à matemática, mas parece que o regresso a Portugal provocou em mim uma espécie de descompressão que origina desconcentração frequente.
Relativamente à política, gostava de ter aqui escrito acerca da forma arrogante como o PS tem tratado o poeta Manuel Alegre. O Manuel Alegre, com o seu charme de poeta, parece às vezes viver numa realidade paralela, num mundo mais cor-de-rosa. Por isso, acho que ele não tem perfil para ser um grande líder político, para ser um ministro que tome decisões. Mas talvez tenha perfil para a Presidência da República, que é um cargo mais... teatral. O facto do PS não ter apoiado a sua candidatura, preferindo "desenterrar" politicamente o Mário Soares, foi, na minha opinião, vergonhoso para o partido. E os resultados dessas eleições foram prova disso. Desde então, temos assistido a diversos braços-de-ferro entre Manuel Alegre e o seu partido e a razão tem estado, em geral, do lado de Manuel Alegre.
Relativamente ao futebol, dizer que o Benfica não merece ganhar o campeonato. É claro que eu ficarei feliz se isso acontecer, mas a verdade é que não o merece. Uma equipa que, durante meses a fio, não consegue vencer um único jogo sem espinhas, não deve ganhar troféus. Eu sou um defensor de que o futebol é, em primeiro lugar, um espectáculo, uma forma de arte. Ganhar a qualquer custo, não tem qualquer valor. Na minha opinião, em teoria, é melhor uma equipa que perde alguns jogos, mas que ganha a maioria de forma convincente, do que uma equipa que ganha todos os jogos com vitórias caídas do céu. Nesta perspectiva, o Braga actual é muito melhor equipa que o Benfica... É triste.
Termino com os assuntos mais sérios deste post. Duas notícias recentes, deram conta de duas histórias muito tristes. O suposto desenvolvimento da sociedade actual é, no fundo, uma grande treta (e isto é muito fácil de constatar, nem sequer seria preciso ir buscar estas histórias, basta olhar à nossa volta). Uma das histórias é esta. E um dia destes vou deixar-vos aqui um conto que aborda também um roubo de um pão, mas com um desfecho diferente... A outra história é esta. É uma aberração do princípio ao fim. É uma coisa tão triste que por um lado eu até preferia esquecer a história e não a abordar aqui no blog. Por outro lado, há que denunciar a estupidez... que neste caso atinge contornos de crueldade. Concordo inteiramente com Lula da Silva, quando ele diz que a Igreja não devia ter tomado nenhuma posição publica neste caso. E, a ser tomada uma posição publica, teria sempre que ser uma posição de compreensão para a menina e a sua mãe e de condenação do padrasto. Eu considero-me conservador em muitos assuntos, mas a posição do arcebispo neste caso nem sequer se pode chamar de conservadora. É uma posição própria de gente cruel e desumana, uma posição que não tem nada a ver com cristianismo. Nos evangelhos não encontramos Jesus a condenar as pessoas, mas a amá-las apesar dos seus defeitos e das suas dificuldades em serem íntegras. Em conversa com amigos cristãos, a propósito desta história, lembra-mo-nos da seguinte passagem da Bíblia. O contraste entre a posição de Jesus e a posição do arcebispo é óbvio:
1 Depois todos foram para casa, mas Jesus foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos.
3 Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos.
4 Eles disseram: — Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério.
5 De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
6 Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo.
7 Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles: — Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
8 Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão.
9 Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé.
10 Então Jesus endireitou o corpo e disse: —Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
11 — Ninguém, senhor! — respondeu ela. Jesus disse: — Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!
Nas várias confissões cristãs, há muita gente que se diz cristã, mas que tem uma ideia muito distorcida da mensagem central dos evangelhos, do caminho que Jesus nos veio mostrar e que, enquanto cristãos, devemos procurar seguir.
Relativamente ao futebol, dizer que o Benfica não merece ganhar o campeonato. É claro que eu ficarei feliz se isso acontecer, mas a verdade é que não o merece. Uma equipa que, durante meses a fio, não consegue vencer um único jogo sem espinhas, não deve ganhar troféus. Eu sou um defensor de que o futebol é, em primeiro lugar, um espectáculo, uma forma de arte. Ganhar a qualquer custo, não tem qualquer valor. Na minha opinião, em teoria, é melhor uma equipa que perde alguns jogos, mas que ganha a maioria de forma convincente, do que uma equipa que ganha todos os jogos com vitórias caídas do céu. Nesta perspectiva, o Braga actual é muito melhor equipa que o Benfica... É triste.
Termino com os assuntos mais sérios deste post. Duas notícias recentes, deram conta de duas histórias muito tristes. O suposto desenvolvimento da sociedade actual é, no fundo, uma grande treta (e isto é muito fácil de constatar, nem sequer seria preciso ir buscar estas histórias, basta olhar à nossa volta). Uma das histórias é esta. E um dia destes vou deixar-vos aqui um conto que aborda também um roubo de um pão, mas com um desfecho diferente... A outra história é esta. É uma aberração do princípio ao fim. É uma coisa tão triste que por um lado eu até preferia esquecer a história e não a abordar aqui no blog. Por outro lado, há que denunciar a estupidez... que neste caso atinge contornos de crueldade. Concordo inteiramente com Lula da Silva, quando ele diz que a Igreja não devia ter tomado nenhuma posição publica neste caso. E, a ser tomada uma posição publica, teria sempre que ser uma posição de compreensão para a menina e a sua mãe e de condenação do padrasto. Eu considero-me conservador em muitos assuntos, mas a posição do arcebispo neste caso nem sequer se pode chamar de conservadora. É uma posição própria de gente cruel e desumana, uma posição que não tem nada a ver com cristianismo. Nos evangelhos não encontramos Jesus a condenar as pessoas, mas a amá-las apesar dos seus defeitos e das suas dificuldades em serem íntegras. Em conversa com amigos cristãos, a propósito desta história, lembra-mo-nos da seguinte passagem da Bíblia. O contraste entre a posição de Jesus e a posição do arcebispo é óbvio:
1 Depois todos foram para casa, mas Jesus foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos.
3 Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos.
4 Eles disseram: — Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério.
5 De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
6 Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo.
7 Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles: — Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
8 Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão.
9 Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé.
10 Então Jesus endireitou o corpo e disse: —Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
11 — Ninguém, senhor! — respondeu ela. Jesus disse: — Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!
Nas várias confissões cristãs, há muita gente que se diz cristã, mas que tem uma ideia muito distorcida da mensagem central dos evangelhos, do caminho que Jesus nos veio mostrar e que, enquanto cristãos, devemos procurar seguir.
2 comentários:
Sabes... qualquer cristão é homem.
E o grande problema do homem é poder ser irracional e desumano...
O grande problema é que todos querem um mundo melhor mas muito poucos se esforçam por ele... e outros já são simplesmente cegos e desumanos e perderam a capacidade de se sentir...
Ao menos eu, gostava de deixar este mundo melhor do que o encontrei...
Essa frase é boa: "deixar este mundo melhor do que o encontrei..." É capaz de dar o mote para um bom post num dos meus outros blogs.
O cristão é homem e por isso também erra. Concordo inteiramente. Essa é uma verdade que é transversal a todos os cristãos, sejam eles simples leigos ou padres, pastores... ou o Papa.
A questão é que isto não se trata de um simples erro, após o qual a pessoa até cái em si e se arrepende. Isto trata-se de um cristão que tem uma posição através da qual pode influenciar milhares de pessoas e que usa esse seu estatuto para, de um modo premeditado, exercer essa influência negativamente, contrariando aquilo que é a essência do cristianismo. O estatuto também traz consigo maior responsabilidade e quanto maior o estatuto maior o cuidado a ter com as atitudes tomadas.
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