Para mim o facto mais relevante destas eleições é que se excluirmos das contas o independente Carmona, a direita tem uma percentagem baixíssima. Eu habitualmente voto mais à direita do que à esquerda. Mas actualmente olho para a direita portuguesa e não vejo nas direcções dos partidos ninguém com competência mínima. Simpatizo com o Manuel Monteiro e cheguei a pensar que a seu tempo o PND (nome muito mal escolhido) ultrapassaria o CDS-PP criando uma alternativa válida na direita. Mas depois de ficar atrás do PNR, parece-me que o possível crescimento do PND está completamente estagnado.
No PSD só surge gente incompetente ou gente que apesar da boa vontade não tem perfil para assumir posições de comando (como é o caso do próprio Marques Mendes e, segundo me pareceu, do Negrão). Simpatizo com a Manuela Ferreira Leite e de há uns anos para gostava de a ver à frente do PSD e mesmo do governo. Mas este país em que os políticos vivem da crítica fácil aos que não têm a mesma cor e do show-off, não está preparado para aceitar alguém cujo modus operandi seja o trabalho sério. É verdade que as decisões que ela tomou nem sempre foram do agrado do português comum. Mas, mesmo assumindo que em questões económicas não sou mais do que um ignorante, parece-me que se o país actualmente não está tão mal como se chegou a temer, o devemos a ela.
Entretano, enquanto no PSD não aparece alguém capaz (já para não falar no partido moribundo, entenda-se, PP) a direita vai perdendo eleitores para o centro-esquerda. Eu próprio votei PS nas legislativas e, como as coisas estão, terei que voltar a fazê-lo.
Interessantes os resultados de Helena Roseta e Carmona. No caso de Carmona não partilho da opinião maioritária que o vê como o candidato-arguido comparável a nomes como Valentim Loureiro o Isaltino Morais. Julgo que ele só ficou tão exposto aos processos judiciais e a tudo o que daí resultou por ser independente. Segundo percebi, um dos processos judiciais em que estava envolvido (não o mais importante) já foi arquivado. E nos outros veremos o que acontece. É muito complicado estar na política sem o apoio de partidos. De qualquer modo a câmara estava ingovernável e as eleições talvez tenham sido inevitáveis.
Quanto a Helena Roseta, acaba por ser uma das vencedoras das eleições. Se o PS a tivesse apoiado, o partido e a própria câmara estariam nesta altura numa situação mais confortável. Estas trocas de cargos a meio dos mandatos é das coisas que mais me revolta: para quê tirar o número 2 ao governo, quando está disponível uma militante do partido que até era um nome de peso (pelo menos em comparação com o nome do PSD) ?
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