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Entre Teoremas e Chocolates: dezembro 2008

quarta-feira, dezembro 31, 2008

We're all in this thing together

Feliz 2009 para todos e, para começar bem o ano, em vez de comerem as 12 passas, calculem a factorização de 2009 em números primos... 2009 não é um ano primo e eu não sei se isso é bom ou mau sinal. Deixo essa reflexão entregue aos supersticiosos. Não vos desejo boas entradas porque nunca percebi bem o significado dessa frase que as pessoas dizem umas às outras de ânimo leve. Além disso é preciso cautela, não vão o Binya e o Bruno Alves ler este post e interpretem mal a palavra "entradas". Entretanto, para mais um ano, para viver tristezas e alegrias, para passar pela crise ou fugir dela, para rir ou para chorar, "we're all in this thing together!" Nesta coisa chamada vida.

domingo, dezembro 28, 2008

Caminhos de Portugal

Rio Douro - perto de Freixo de Espada à Cinta
Castelo Rodrigo

Miranda do Douro

Paisagem Transmontana



Rio de Onor



Bragança

Nordeste Português

Ainda com a garganta a doer-me, mas já sem febre, decidimos pôr-nos a caminho de Trás-Os-Montes. Nunca tinha estado nessa região do país, só a conhecia dos livros da primária. Bragança é uma cidade simpática onde se comem boas alheiras (Mirandela está ali a dois passos) e que às vezes acorda vestida de branco. Percorremos em três dias mais de 1000 Km, passando por várias localidades das quais ouvimos falar, mas nem sabemos ao certo onde se situam. À ida passamos por Lamego e depois apanhamos um nevoeiro medonho ali para os lados de Mirandela. Perto de Bragança visitamos a aldeia de Rio de Onor, uma aldeia comunitária dividida entre Portugal e Espanha, com as tradicionais casas de xisto, muitas delas reconstruídas, dando à aldeia um aspecto bem catita. À vinda passámos por Miranda do Douro, Mougadouro, Freixo de Espada à Cinta, Barca D'Alva, Figueira de Castelo Rodrigo e Pinhel, para além de terreolas com nomes bem estúpidos, como Caçarelhos, Escalhão, Variz, Vale de Porco... O cúmulo é uma terra que fica também para aqueles lados chamada Campo de Víboras. Mas apesar dos nomes das terras, o nordeste do país tem sítios muito bonitos que vale a pena conhecer. "Pelos caminhos de Portugal eu vi tanta coisa linda, vi um mundo sem igual..."

sábado, dezembro 20, 2008

É Natal, é Natal

Estou doente. Com uma febrita engraçada e com uma expectoração verdusca e raiada de sangue que, na minha opinião, devia constituir um case study para os médicos e cientistas. Estar doente irrita-me. Um gajo fica na cama ou no sofá durante horas, sem pachorra para fazer qualquer coisa produtiva, usando o comando para fazer zapping, enquanto os olhos pesam por causa da febre e enquanto se aguenta uma dor de garganta que vai desde a epiglote até aos alvéolos. São horas, dias, completamente perdidos. E isso irrita-me. Ao ponto de ainda não ter decidido se é da febre que vou morrer ou se é do tédio que ela provoca. E havia tanto para ser feito nestes dias, quer em termos de trabalho quer em termos de programas extremamente interessantes... Ainda tentei aproveitar o tempo para conhecer a Anna Karénina (que, não nos esqueçamos, é russa). Mas o livro é pesado (nos dois sentidos da palavra) e a minha cabeça não aguenta tanto peso. Algo de produtivo que fiz ontem foi rever o filme Orgulho e Preconceito (a propósito, agora é que é boa altura para eu ler o livro da Jane Austen, porque vou ficar a imaginar que a Lizzy é a Keira Knightley o que, convenhamos, abona muito a favor da Lizzy). Tenho a dizer que o filme Orgulho e Preconceito é das melhores coisinhas que já se fizeram em termos de cinema romântico. É claro que há quem possa preferir aqueles romances de pacote, tipo o Chocolate ou O Diário da Nossa Paixão. Mas eu é que percebo disto (e não se contraria um homem com febre) e volto a dizer que Orgulho e Preconceito é um filmezorro. E agora se me dão licença vou ali tossir com força e ver o que sái... E é tudo. Feliz Natal. Uma música de natal.


terça-feira, dezembro 16, 2008

Miss Mundo

A miss mundo é russa. E desta vez é bem engraçada, a moça! O que só vem fortalecer a minha teoria de que as russas são bonitas, principalmente no Verão.

Corações Periféricos

Da colaboração entre Rui Veloso e Carlos Tê têm surgido os melhores poemas cantados da música portuguesa nas últimas duas décadas. Um excelente exemplo é a música Corações Periféricos, a número 12 do álbum Avenidas. Como não encontrei maneira de vos deixar aqui a música, deixo-vos pelo menos o poema do Carlos Tê.
Na cidade dormitório
Onde o sol se põe cinzento
E o bel-canto da cigarra
Jaz mudo sob o cinzento
Quando a noite cai sombria
Com seus ténues lampadários
Luzindo na simetria
Dos novos bairros operários
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Pinto apelos em murais
Esfumo a noite em olheiras
Deslizo na hora do lobo
Sigo o rastro das padeiras
Afio as minhas armas brancas
Nas esquinas de metal
Cravo-as bem fundo nas ancas
Da cintura industrial
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Silva a hora do comboio
Treme na erva o orvalho
Corações da outra banda
Apressam-se para o trabalho
Com olhos mal acordados
Brilho vestido ao contrário
Como peixes alucinados
Às voltas no seu aquário
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Excelente Entrevista

Quando tiverem uns minutos, ouçam esta conversa com Medina Carreira, ex-ministro das finanças. Vale mesmo o tempo!!! Um homem que chama os bois pelos nomes, põe os pontos nos i's e torna reais mais alguns eufemismos do mesmo género. Concordo com o tom do discurso dele e com grande parte do conteúdo, sobretudo quando ele fala da educação em Portugal. Não sou especialista em economia, por isso não posso avaliar a opinião dele acerca da crise portuguesa e do estado da nossa economia. Mas as conclusões às quais ele chega, eu também cheguei por vias diferentes: o sistema político em Portugal é uma palhaçada, o país está no mau caminho não só a nível económico, mas também a nível social. Não conheço a prestação dele enquanto ministro, mas a julgar pelo discurso, completamente diferente daquilo a que estamos habituados a ouvir, o homem dava um bom governante.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Anderson Luis de Souza

Entretanto está encontrado o golo da época, apesar de ainda só estarmos em Dezembro. Marcado por um jogador cujo valor reconheço, mas que não me enche as medidas como outros (para a mesma posição prefiro, por exemplo, o Steven Gerrard do Liverpool), que joga numa equipa da qual não gosto (só gostei do Chelsea nos anos 90, quando lá jogava o genial Gianfranco Zola), com a agravante de ser uma equipa treinada por um treinador com o qual embirro cada vez mais, o Sargento Scolari. Mas apesar de tudo isto, a qualidade do golo é tal que eu sou obrigado a render-me às evidências: é um golo do caraças. Verdadeira poesia! 

Há muita maneira de fazer poesia

Poema Em Linha Recta I - Álvaro de Campos


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos 


Poema em Linha Recta II - Manchester United



quinta-feira, dezembro 04, 2008

Chazinho

Quero descansar os leitores habituais do blog dizendo que estou bem de saúde. E não, não estou retido em Banguecoque (o que se calhar não seria mau de todo). Estou neste momento no meu renovado quarto (agora tenho uma secretária enorme, que, há falta de mais uma assoalhada, e como o chão está frio, já dá para acomodar uma ou duas visitas) a decidir se vou trabalhar um pouco ou se vou ao Youtube distrair-me a ver sketches dos Monty Python. Tenho o aquecedor ligado e dois pares de meias calçados (ontem tinha três). E não tenho sono. Acabei de beber um chazinho (os chás são bebidas sazonais que aparecem em força na minha casa por altura do Inverno; no Verão migram para paragens mais fresquinhas) e de comer uns biscoitos. Julgo que estes dados são suficientes para o caso do caro leitor querer traçar o meu perfil homeostático. O que se passa é que não tenho escrito porque, basicamente, não me tem apetecido. Tenho ocupado o tempo livre a ver algum futebol (ainda ontem vi um jogo do caraças, um Man Utd vs Blackburn Rovers que terminou com 5-3 para os red devils) (abro aqui outro parêntesis para dizer que, até à próxima vitória, não conheço nenhum clube chamado Benfica), a ver séries como Mentes Criminosas ou Ossos, a tocar guitarra, por exemplo. E é tudo. Deixo-vos com a piada mais engraçada do mundo.