Não sei se é o maior português de todos os tempos, mas diria que é talvez o português mais talentoso de sempre. Fernando Pessoa escreveu sobre tudo... tudo era motivo para poesia, para arte! O senhor respirava em soneto! Sou fã de Álvaro de Campos, da intensidade com que ele se exprime. Mas acima de todas as outras obras do Fernando Pessoa, acima dos heterónimos e de tudo o mais que ele escreveu, gosto imenso da Mensagem. Deixo aqui hoje, para os meus fofos leitores, o meu poema preferido da Mensagem.
Terceira Parte: O Encoberto
I Os Símbolos
Quarto
As Ilhas Afortunadas
Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Ondei o Rei mora esperando,
Mas, se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.
1 comentário:
Em tempos em que o Hélio Pestana, não desfazendo, fica à frente de Maria João Pires ou de Jorge Sampaio no ranking dos grandes Portugueses, ficamos baralhados com o valor futuro de quem somos hoje. Obrigado pelo post, porque o confronto com a beleza nunca é inoportuno! Prefiro Alberto Caeiro, sabes, né? Sinto-me lá naquelas paisagens, sinto o cheiro da relva, sinto o vento na cara e o tempo a passar devagar.
"O meu olhar é nítido como um girassol"
Tenho saudades tuas, pá! :)
Mário
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