Mais uma vez corre muita tinta acerca do aborto por culpa do referendo que aí vem. Bem, começo por deixar claro que sou contra o referendo porque em 98 houve um outro referendo exactamente com a mesma pergunta e se os portugueses deram uma resposta nessa altura, não vejo razão para lhes fazer a mesma pergunta tão depressa. Isto faz lembrar as crianças que pedem uma coisa aos pais e se eles recusam insistem e insistem e insistem até os pais cederem. Acerca do aborto ouvem-se as maiores barbaridades. Um dia destes veio-me parar às mãos um folheto do Bloco de Esquerda que anunciava em letras vistosas: "Se queres chegar ao século XXI vota sim no referendo". Julgo que o ideal em pleno século XXI seria que não houvessem abortos. Não me parece que a despenalização seja dar um passo em frente. Entendo alguns dos motivos que levam as pessoas sérias a inclinarem-se para o "sim", mas não tenho paciência para outros motivos completamente estúpidos, falaciosos que transformam o debate num simples jogo de palavras e troca de argumentos idiotas. Quando me dizem que ter ou não ter o filho é uma opção da mulher, por ser uma situação que diz respeito ao seu corpo a minha vontade é responder que o que é uma opção da mulher é engravidar ou não engravidar, isso sim diz respeito ao seu corpo. Mas normalmente esta resposta não é muito bem aceite e eu não entendo porquê... Tinha pensado escrever mais acerca deste assunto, mas terá que ficar para outra ocasião porque estou a ficar com muito sono... apenas quero deixar aqui a pergunta que vai ser feita aos portugueses (dizem que em Janeiro ou Fevereiro). Para mim, a pergunta é estranha do princípio ao fim. Mas a parte que estraga tudo é "... por opção da mulher...". «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?» |
sábado, novembro 11, 2006
Algumas notas acerca do aborto
Publicada por David à(s) sábado, novembro 11, 2006
Etiquetas: opiniões
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1 comentário:
Relativamente à tua resposta «o que é uma opção da mulher é engravidar ou não engravidar», ela parte do princípio que a mulher tem sempre opção de engravidar ou não, no sentido de ter controlo absoluto sobre se engravida ou não. Mas não tem: há gravidezes que ocorrem por acidente mesmo que tenha havido sempre um uso correcto de algum método contraceptivo (por exemplo, 2% dos casais que usam correctamente o preservativo ao longo de um ano têm uma gravidez indesejada).
Quando se defende o aborto, não se está a sugerir que o aborto passe a ser um método contraceptivo corrente como o preservativo ou a pílula. O que se está é a defender que quando os métodos contraceptivos correntes falharem, se possa recorrer ao aborto.
Jaime
www.blog.jaimegaspar.com
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